OMS determinou alerta global da doença.
O desfecho da Mpox, ou Monkeypox, traduzida como varíola dos macacos, passou de alerta de observação pela Organização Mundial da Saúde para emergência em saúde pública de importância nacional. Isso ocorre, devido ao risco de disseminação global da doença e de uma potencial nova pandemia. Este alerta é o de nível mais alto da entidade.
Segundo o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, em uma conferência em Genebra, a mpox – independentemente de se tratar da nova variante 1, por trás do surto atual na África, ou da variante 2, responsável pela emergência global em 2022 – não configura “uma nova covid”.
“Sabemos muito sobre a variante 2. Ainda precisamos aprender mais sobre a variante 1. Com base no que sabemos, a mpox é transmitida sobretudo através do contato da pele com as lesões, inclusive durante o sexo”, disse. “Sabemos como controlar a mpox e – no continente europeu – os passos necessários para eliminar completamente a transmissão,” disse.
Por isso, o Ministério da Saúde já está trabalhando para a aquisição emergencial de 25 mil doses de vacina contra a mpox. A negociação está acontecendo entre o órgão e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Desde 2023, aproximadamente 30 mil doses foram aplicadas no Brasil. Na época, o público-alvo incluiu pessoas vivendo com HIV/aids de 18 a 49 anos, e profissionais de laboratórios do tipo NB-2 com idade entre 18 e 49 anos que trabalham com o Orthopoxvirus, vírus da varíola que afeta humanos.
Devido ao baixo número de doses que podem ser adquiridas em um curto período, é interessante saber o máximo sobre a doença. Por isso, confira abaixo as principais perguntas e respostas desenvolvidas pela Agência Brasil, agência de comunicação governamental.
O que é a mpox?
A doença é causada pelo vírus Monkeypox, podendo se espalhar entre pessoas e, em alguns casos, do ambiente para pessoas, por meio de objetos e superfícies tocadas por pacientes infectados. Em regiões onde o vírus está presente entre animais selvagens, a doença também pode ser transmitida no contato entre os humanos e esses animais.
Quais são os seus sintomas?
A mpox pode causa uma série de sinais e sintomas. Embora o grau de apresentação deles varie de pessoa para pessoa, alguns casos podem desenvolver quadros sérios e necessitar de atendimento médico.
O sintoma mais comum é a erupção na pele, semelhante a bolhas ou feridas, que pode durar entre duas a quatro semanas. O quadro pode apresentar febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, apatia e gânglios inchados, sem uma ordem estabelecida. A erupção cutânea é comumente apresentada no rosto, palmas das mãos, solas dos pés, virilhas e regiões genitais ou anal.
Feridas também podem surgir nos canais de acesso ao corpo como boca, garganta, ânus, vagina e nos olhos. O número de feridas pode variar de poucas a milhares, e em alguns casos, apresentar inflamação no reto e órgãos genitais, causando dor intensa e dificuldade na hora de realizar as necessidades.
Como a doença é transmitida?
O vírus se espalha, principalmente, através do contato direto com pessoas infectadas ou que tiveram proximidade com a doença. Durante o surto global em 2022/2023, a infecção se espalhou sobretudo por via sexual. Desta vez, a infecção está se espalhando também via transmissão aérea, ou seja, falas ou respirações, gotículas e aerossóis de curto alcance expelidos pelo infectado. Contato com pele, como toque ou sexo, boca a boca ou boca na pele também podem transmitir o vírus.
Pessoas com a mpox são consideradas infecciosas até que tenham formado uma nova camada de pele, em que a antiga, com as lesões, tenha formado crosta e estes caídos. A doença ainda pode ser transmitida enquanto lesões nos olhos e no restante do corpo não cicatrizarem, o que pode levar de duas a quatro semanas.
O vírus também pode se manter nas roupas de cama, toalhas e nas vestes, além de objetivos que exijam muitos toques, como eletrônicos, celulares, teclados de computador, etc. Caso outra pessoa toque nesses objetos com cortes ou escoriações, ou levar o vírus do toque ao olho, boca e outras membranas, pode adquirir o vírus.
Não está claro se as pessoas que não apresentam sintomas podem propagar a doença.
Ainda existe a possibilidade de transmissão do vírus entre um animal infectado e uma pessoa. As espécies relatadas variam entre alguns macacos e roedores terrestres. O contato, nestes casos, pode acontecer através de mordidas, arranhões ou em atividades como caça e preparo de alimento. O vírus também pode ser contraído através de ingestão de animais infectados, caso a carne não esteja bem cozida.
Quem pode contrair a doença?
Qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém, pessoa ou animal, que apresente os sintomas. É provável que pessoas vacinadas contra a varíola humana tenham certa proteção contra a mpox. Contudo, é pouco provável que jovens tenham sido vacinados contra a doença, já que a distribuição das doses foi praticamente interrompida em todo o mundo, após ser considerada a primeira doença humana erradicada em 1980. Mesmo aqueles vacinados contra a varíola humana, devem tomar cuidado e evitar a contaminação.
Pessoas com imunidade baixa, como recém-nascidos, crianças e pessoas com imunodepressão pré-existente, podem apresentar sintomas mais graves e de morte por mpox. Profissionais de saúde também apresentam alto risco devido à sua exposição ao vírus ser maior.
Geralmente, a doença pode desaparecer sozinha em poucas semanas, mas, em algumas pessoas, o vírus pode provocar complicações sérias. Nestes casos, é preciso procurar a unidade de saúde mais próxima.
Como reduzir o risco de contrair a doença?
Para reduzir o risco de infecção, é necessário limitar o contato com pessoas sob suspeita de mpox ou que já foram diagnosticadas recentemente com a doença. Além disso, métodos comumente utilizados são:
- Utilização de máscara (comum ou cirúrgica) por parte do infectado e de terceiros, evitando assim, a transmissão do vírus por secreções ou transmissão aérea;
- Evite o contato pele com pele sempre que possível e use luvas e equipamentos descartáveis;
- Caso precise manusear vestimentas ou roupas de cama do doente, é aconselhado o uso de materiais descartáveis como máscara e luvas;
- Ao lavar os pertences da pessoa infectada, evite misturar com outras peças, utilize apenas água morna e detergente;
- Limpe e desinfecte todas as superfícies próximas que possam acumular resíduos contaminados;
- Evite contato desprotegido com animais selvagens, sobretudo se estiverem visivelmente doentes ou mortos (incluindo contato com carne e sangue do animal);
- Alimentos com partes de animais selvagens devem ser bem cozidos antes de serem consumidos.
Existe tratamento para a mpox?
Na maior parte dos casos, os sintomas das doenças desaparecerão com o passar do tempo, sem a necessidade de algum tipo de tratamento. Contudo, é importante cuidar da pele, caso apresente erupções, sempre as deixando secar ou, se possível, cobrindo com curativos úmidos para proteger a área.
Evite tocar em feridas na boca ou nos olhos e utilizar produtos com cortisona. Profissionais de saúde podem recomendar, caso haja necessidade, o uso de imunoglobulina vaccinia (VIG) para casos graves.
Para quem ainda não foi infectado, a vacinação pode oferecer proteção contra a infecção e quadros graves. Apesar de que mesmo quem foi vacinado ainda é considerado vetor da doença, podendo transmiti-la. Caso você esteja em uma área com vacinação disponível, confira as orientações no local.
Estudos demonstraram que pessoas vacinadas contra a varíola humana no passado podem ter algum tipo de proteção contra a mpox. Isso não impede a pessoa de precisar de uma dose de reforço.
Em quais partes do mundo, existe risco de ter a doença?
Os casos de mpox na República Democrática do Congo (RDC) estão em ascensão há mais de dois anos. Autoridades sanitárias do país declararam epidemia da doença em dezembro de 2022. Em 2023, o número de infecções triplicou, chegando a 14,6 mil notificações e 654 mortes. Já em 2024, a situação piorou – entre janeiro e meados de julho, mais de 12,3 mil casos suspeitos foram relatados e 23 províncias foram afetadas.
No fim de junho, a OMS alertou para uma variante mais perigosa da mpox. A taxa de letalidade pela nova variante 1b na África Central chega a ser de mais de 10% entre crianças pequenas, enquanto a variante 2b, que causou a epidemia global de mpox em 2022, registrou taxa de letalidade de menos de 1%.
Apenas em julho, cerca de 90 casos de infecção pela variante 1b foram reportados em países vizinhos à RDC e que nunca haviam registrado casos de mpox até então: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.
Quem tem maior risco de casos graves da mpox?
Evidências sugerem que pessoas imunossuprimidas correm maior risco de desenvolver mpox grave ou morrer. Pessoas com HIV em estágio avançado (com apresentação tardia de sintomas, contagem baixa de CD4 e carga viral elevada) têm risco aumentado de morte se desenvolverem quadros graves de mpox.
Pessoas que vivem com HIV e que alcançaram a supressão viral através do tratamento antirretroviral não parecem correr maior risco a quadros graves que a população em geral.
Pessoas com HIV não tratado podem estar imunocomprometidas e, portanto, podem correr maior risco de ter quadro grave. A orientação da OMS é que os países integrem a prevenção e os cuidados relacionados ao HIV à mpox.
Pessoas sexualmente ativas e que não conhecem sua condição sorológica são aconselhadas pela OMS a fazer o teste para HIV.
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