Há quase 30 dias, servidores e funcionários do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no estado do Rio Grande do Sul têm trabalhado no resgate às vítimas do desastre climático no estado, contribuindo com o salvamento de vidas humanas e de animais. Mesmo atingidos pessoalmente pelas inundações, eles vêm atuando dia e noite, sem folgas semanais, na ajuda humanitária.
Alguns estão no comando das operações, enquanto outros, da Superintendência e das quatro Unidades Técnicas do estado, se integram às ações de ajuda humanitária. “Todos sempre com o principal objetivo de salvar vidas, humanas ou não. Fomos sempre impulsionados pelo lema “ninguém fica para trás!”, afirma a superintendente substituta Diara Sartori.
Com o agravamento do cenário, servidores do Ibama de todo o país se colocaram à disposição para ajudar. Muitos, informa Diara, se deslocaram para se unir aos colegas gaúchos, trabalhando tanto nas operações de campo quanto na parte de logística e de planejamento, dentro do Sistema de Comando de Incidentes (SCI). “Somos gratos por esse apoio fundamental nesse momento”, comentou.
AtividadesContribuição para as comunidades indígenas
As demandas continuam e são atendidas à medida da viabilidade das equipes em campo, que atuam em várias frentes. As ações de entrega de alimentos e doações para as comunidades indígenas, uma operação deflagrada desde o início das enchentes, se mantêm, mas serão ampliadas para outras comunidades, como os quilombolas.
Os resgates embarcados (com uso de embarcações motorizadas), um trabalho primordial para salvar vidas humanas, começaram a diminuir a partir da queda do nível das águas no lago Guaíba, em Porto Alegre. Assim, com a redução desse tipo de resgate, o foco voltou-se para os animais, a maioria cães, gatos e pássaros em gaiolas, demanda que, hoje, também vem se reduzindo.
MapeamentoTrailer da Coaer/Ibama
No último sábado (25/5), o Ibama, por meio da Coordenação de Operações Aéreas (Coaer), enviou um trailer equipado que dará reforço aos trabalhos de mapeamento das regiões atingidas pelas chuvas. O veículo foi levado em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O Ibama está realizando, com o auxílio do Sistema de Aeronave Remotamente Pilotada (RPAS/Drone), o mapeamento de áreas atingidas, em trabalho conjunto com a Defesa Civil e a participação nas equipes de servidores que vieram de outros estados.
A meta é ter um desenho das regiões que precisarão de uma futura recuperação ambiental. Dessa forma, o Instituto já pensa numa atuação dentro da sua competência daqui para a frente, a partir da diminuição das demandas iniciais da emergência humanitária.
Nessa tarefa inclui-se a construção do Plano Nacional de Ações de Resposta à Fauna – Desastre Rio Grande do Sul, um processo complexo que vai exigir muito planejamento na sua elaboração. Além das milhares de pessoas desalojadas de seus lares, que, em muitas cidades, não vão poder voltar às suas residências – muitas já atingidas por outras catástrofes -, existe, ainda, a questão dos animais domésticos e de produção, que foram vítimas das inundações.
Desde o início dos temporais que atingiram o Rio Grande do Sul, em 29 de abril, 169 pessoas morreram e 56 estão desaparecidas, de acordo com boletim divulgado pela Defesa Civil.
Há cerca de 582 mil pessoas desalojadas, das quais 55 mil estavam em abrigos improvisados até este final de semana. No total, 2.3 milhões de gaúchos de 469 municípios foram afetados.
Ações do Ibama
Desde o dia 2 de maio, o Ibama vem prestando orientação técnica e apoio operacional às instituições públicas e à sociedade.Transferência dos animais do Cetas/Rs para Jardim Botânico
Considerando que os prédios do Instituto em Porto Alegre – a Superintendência e o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) – foram atingidos pelas enchentes, o Posto de Comando da autarquia foi instalado inicialmente nas dependências do Jardim Botânico da capital, administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do estado. Posteriormente, foi para a Sala de Situação, onde fica a Coordenação de Operações, Logística e Planejamento, no prédio do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Antes da completa inundação da sede do Cetas, os 118 animais silvestres que lá estavam foram removidos para uma instalação provisória também no Jardim Botânico. Nesta semana, está sendo providenciada a transferência da unidade e dos animais para a sede do Inmet.
Parte dos animais foi distribuída para outros Centros de Triagem do Ibama nos estados de São Paulo, Espírito Santo e Goiás. Outros foram alocados em parceiros do Ibama no estado, que são o mantenedor de animais Quinta da Estância, na cidade de Viamão, a clínica veterinária Toca dos Bichos, especializada em animais silvestres, e o Hospital Veterinário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Na sequência, foram realizadas prioritariamente as seguintes ações:
- Resgate de animais silvestres em situações de risco;
- Resgate de pessoas e animais domésticos (pets) e domesticados (criação) em situações de risco;
- Apoio técnico e logístico as instituições com atuação de fauna, incluindo a disponibilização de insumos e de equipamentos;
- Monitoramento dos empreendimentos, situados no estado, que possuem Licença de Operação emitida pelo Ibama;
- Apoio ao desabrigados com a distribuição de cestas básicas e kits médicos, fornecidos pelo governo federal, atendendo à demanda do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional; e
- Apoio a comunidades indígenas com distribuição de cestas básicas e kits médicos fornecidos pelo governo federal, atendendo à demanda da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e do Conselho Indigenista Missionário, vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Até a última sexta-feira (24/5), as ações tiveram os seguintes resultados:
Ações | Quantidade aproximada |
Fauna silvestre resgatada | 79 |
Fauna doméstica/domesticada resgatada | 32 |
Solturas de animais silvestres em ambiente seguro | 115 |
Pessoas resgatadas | 29 |
Comunidades isoladas atendidas com distribuição de cestas básicas, água, colchões, barracões da Defesa Civil, cobertores, roupas, produtos de higiene, medicamento, entre outros | 18 comunidades indígenas/quilombolas (mais de 210 famílias) |
Doações de apoio ao resgate de animais (insumos veterinários, suplementos alimentares e medicamentos) | 1.519 unidades diversas |
Entrega de insumos veterinários de vários estados para atendimento do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) e instituições parceiras | 105 kg |
Mobilização de ração para gatos e cachorros para disponibilização a órgãos/instituições parceiras | 980,8 kg |
Doação de ração em apoio a instituições parceiras no resgate de animais | 250 kg de ração para cães 150 kg de ração para pássaros |
Doações para abrigos humanos (suplementos alimentares e insumos de rotina hospitalar) | 181 caixas de insumos diversos |
Essa é a estrutura empregada diariamente pelo Ibama:
- Recursos humanos: 50 servidores;
- Viaturas: 16, incluindo um Posto de Comando Móvel e um caminhão;
- Meios flutuantes: 3 embarcações.
O Ibama integra o Comando Operacional Integrado do Taquari II, que desempenha a coordenação civil-militar com a Defesa Civil do estado, para o apoio às vítimas das enchentes, e integra também o Sistema Federal – Resposta, pelo qual as instituições federais relatam as ações realizadas.
Pior catástrofe climática registrada no RS
Segundo o balanço deste domingo (26/5), atualizado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, o número de municípios afetados no estado é de 469. São 55.813 pessoas em abrigos, 581.638 desalojados e 2,34 milhões de pessoas afetadas.
Dentre essas pessoas, estão moradores de comunidades indígenas que vivem em regiões no entorno da capital gaúcha, como os da etnia Guarani. Servidores do Ibama, por meio de embarcações e camionetes, levaram mantimentos, remédios, cobertores e colchões a 220 famílias. O Ibama/RS está inserido no grupo “Articulação Indigenista – Enchentes RS”, que reúne diversos órgãos e instituições governamentais no apoio logístico para doações às comunidades indígenas.