No início deste mês, a equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres do Rio Grande do Sul (CETAS-RS) rastreou um espécime do felino mais ameaçado do planeta. Trata-se do gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai), animal residente dos campos do sul.
Segundo o veterinário e chefe do setor, Paulo Wagner, o setor coletou uma fêmea, provavelmente em idade reprodutiva. Pachamama, como foi carinhosamente chamada pela equipe que lidou com ela, passou por procedimentos como coleta de material biológico e colocação de um colar de telemetria. A captura foi realizada com a licença SISBIO ativa, que permite a pesquisadores solicitarem autorizações para coleta de material biológico e para a realização de pesquisa em unidades de conservação federais e cavernas. Com o equipamento instalado, será possível monitorar o animal através do sistema de GPS, assim, compreendendo melhor seus hábitos e traçando estratégias eficazes para a sua conservação.
Segundo o IBAMA, as maiores ameaças à espécime são a perda de habitat, queimadas, a matança por retaliação e atropelamento em rodovias. Para Paulo, outra causa do risco de extinção do animal é seu habitat ser o pampa, o menor e mais ameaçado bioma brasileiro.
Conforme relato do chefe do CETAS-RS, a equipe procurou pelo gato-palheiro-pampeano por dois anos. Localizando-o com o uso de câmeras especiais para observação de animais. “Esse gato vive em paisagens de pampa típicas de produção pecuária, de grande extensão de campo, no meio das áreas que nós chamamos de macegais, de pastissales”, completou.
Em 2023, outro animal da espécime já havia sido fotografado na APA do Ibirapuitã, no município de Santana do Livramento, também no Rio Grande do Sul, enquanto atravessava a Estrada São Leandro, no Passo das Pedras. Contudo, com a ação realizada neste mês, o setor poderá monitorar a espécime.
O objetivo do setor é poder capturar outros, pois, com a captura, é possível rastrear os animais através da coleira e manter atualização constante do seu estado. Em suas redes, Paulo Wagner reforçou que todo o esforço do órgão, estrutura e equipamento do IBAMA foram colocados lado a lado com pesquisadores e parceiros que já pesquisavam sobre o Pachamama. Entre os pesquisadores e parceiros estão o ecólogo, Fábio Dias Mazin, especialista em felinos, o Instituto Pró-Carnívoros que promove a conservação de mamíferos carnívoros e seus habitas e o TGGI, grupo de pesquisa de pequenos felinos da América Latina.